quinta-feira, 3 de março de 2011

Cursos Tecnólogos

Práticos e dirigidos para as necessidades do mercado, os cursos tecnólogos preparam profissionais para antigas e novíssimas áreas


Desde que surgiram, os cursos superiores de tecnologia, ou simplesmente cursos tecnólogos, têm brigado para ganhar respeito e valorização. Quem faz um deles não tem dúvida: é uma opção muito interessante para ganhar uma formação específica, com foco total no mercado de trabalho e geralmente possível de ser concluído em bem menos tempo do que uma graduação tradicional.

Para se ter uma ideia do crescimento desses cursos, em 2000 o estudante podia contar com 364 opções em todo o país. Hoje, são mais de 3.500, algumas em áreas do conhecimento que nunca se imaginou estudar no passado, como Ciências Eqüinas e Produção de Música Eletrônica. “Finalmente a educação profissional e tecnológica em nosso país está merecendo a importância estratégica de que já desfruta em muitos países”, comemora Paulo Roberto Wollinger, coordenador-geral de Desenvolvimento e Modernização do Ministério da Educação (MEC).

Os tecnólogos representam 16% das opções no universo da graduação, um número que começa a se aproximar dos 20% que existe em países desenvolvidos.

Oficializados pelo MEC, eles são incluídos na modalidade de Educação Profissional e recebem supervisão da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec).

Características
Os cursos superiores de tecnologia, como o nome diz, conferem aos alunos diploma de nível superior. Isso significa, na prática, que ele pode se apresentar como candidato para qualquer vaga que exija a formação universitária, desde que não haja restrição quanto a uma área específica. Nas universidades, os cursos superiores de tecnologia são equivalentes ao bacharelado e à licenciatura, permitindo que o aluno faça qualquer tipo de pós-graduação depois de sua conclusão.

Outra vantagem dos cursos tecnólogos é a duração. Com algumas exceções, que exigem até quatro anos de estudo, a maior parte não se prolonga além dos três e alguns chegam a durar apenas dois anos. Isso acontece porque o foco do curso é sempre voltado para as necessidades do mercado de trabalho. Por isso, o estudo é concentrado e extremamente ligado á prática – tanto que o estágio é geralmente o ponto alto da empreitada. “As graduações tecnológicas são recortes do mundo do trabalho, elas aprofundam estudos e soluções, por meio da pesquisa aplicada, em atividades profissionais”, explica Paulo Roberto Wollinger, coordenador-geral de Desenvolvimento e Modernização do Ministério da Educação (MEC). “Em geral, abrangem o domínio, o aprimoramento e o gerenciamento de equipamentos, instrumentos e métodos na realização de suas atividades.”
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Perfil do aluno
Segundo Denise de Cássia Simitan Barros, coordenadora dos cursos tecnológicos da Universidade Paulista (Unip) em São Paulo, o perfil dos alunos que procuram os cursos tecnólogos é diferenciado em relação ao dos estudantes da graduação tradicional. “São, em geral, pessoas mais velhas, 80% já trabalham e procuram o curso ou para obter um diploma na área em que atuam ou para aumentar um conhecimento específico", diz.

Uma pesquisa da Associação Nacional de Educação Tecnológica (Anete) confirma essa tendência. De acordo com o levantamento, a demanda por esses cursos é grande entre pessoas com idade média de 29 anos, que já possuem experiência no mercado mas ainda não têm formação superior.

Esse modelo de aluno ainda é predominante, mas pessoas mais jovens também estão optando por esse tipo de graduação.

A opinião de quem faz

O paulista Dorival Timóteo Leite, de 54 anos, já tinha experiência profissional, mas não possuía formação superior. Policial militar aposentado, ele cursa o superior tecnológico em Gestão em Segurança Empresarial e Patrimonial na Universidade Paulista (Unip).

Teve a idéia de ingressar em um curso tecnólogo quando montou, por conta própria, sua empresa de segurança. “Sempre desejei fazer uma faculdade, mas não queria um curso prolongado porque não sou mais nenhum menino e seria difícil cursar toda uma graduação tradicional”, justifica. “Esse curso me dá mais dinâmica e aumenta minha capacidade de comunicação no mercado.”

O tempo também foi o fator determinante na decisão do estudante baiano Fillype Jorge Bezerra Marques, de 21 anos, que cursa o tecnólogo de Mecânica (Mecatrônica Industrial) na Faculdade de Tecnologia Senai Cimatec , em Salvador (BA).

Apesar da pouca idade, preferiu um curso mais rápido e voltado para a prática, pensando no retorno rápido de seu investimento. “Dá para trabalhar um ano e meio antes dos alunos que cursam Engenharia”, comemora. “Acho que, na hora de entrar no mercado, as chances do tecnólogo e do engenheiro são as mesmas”, arrisca Fillype, que já atua como técnico do Senai, ministrando aulas e fazendo consultorias em empresas.

É comum ver pessoas com mais de 30 anos nas salas de aula de cursos tecnólogos. A secretária Cláudia Santiago Rezende Santos, de 39 anos, por exemplo, está no primeiro período do Curso Superior de Tecnologia em Secretariado da Universidade Vale do Rio Doce (Univale-MG) em Governador Valadares.

“Queria estudar para me aperfeiçoar e por exigência do mercado, mas precisava conciliar a casa, minha família, o trabalho, e vi que precisava de um curso rápido e direcionado”, lembra. “O tecnólogo é dinâmico e o que aprendo na aula uso rapidamente no meu dia-a-dia profissional. Tanto que melhorei muito tarefas que envolviam escrita e atendimento”, conta. Ela diz, ainda, que em sua classe os alunos têm idade de 18 a 50 anos. “Isso cria um universo muito rico”, afirma

História e evolução
Originalmente, os cursos tecnólogos eram de fato voltados exclusivamente para o setor de tecnologia, ou seja, focados no incremento de áreas de infra-estrutura essenciais para a economia do país. Mas o conceito se expandiu e os serviços e estudos ambientalistas, por exemplo, começaram a entrar de forma pesada na grade de opções.

Tudo começou em 1996, a partir da nova Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da Educação Nacional, quando esse modelo de curso foi reconhecido como superior e passou a dar direito a uma pós, lato ou stricto sensu, e assumiu um caráter mais amplo, passando a integrar a Educação Profissional de Nível Tecnológico.

Atualmente, ao lado de cursos tradicionais como Automação e Controle e Mecânica, há cursos para formação de tecnólogos em áreas diversas, como agropecuária, artes, comércio, comunicação, construção civil, design, gestão, informática, meio ambiente, saúde, telecomunicações, turismo e hotelaria.

Fonte:http://guiadoestudante.abril.com.br/universidades/curta-duracao/materia_433025.shtml

Um comentário:

  1. Temos que fortalecer nossa categoria articulando uma movimentação em nível nacional.

    Se hoje não podemos criar um conselho de nossa classe, pelo menos vamos criar um sindicato ou associação forte, com abrangência nacional em prol de todos os tecnólogos, e não de determinadas áreas, como há inúmeras instituições atualmente.

    Não dá mais para vivermos preocupados somente com os problemas e preconceitos enfrentados por tecnólogos de forma isolada, pois este é um problema que afeta toda a categoria.

    MOACIR GARCIA
    Tecnólogo & Educação
    http://tecnologoeeducacao.blogspot.com/

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